quarta-feira, 7 de novembro de 2012



CULTURA E IDEOLOGIA

Estudaremos, agora, uma questão que continua em discussão nas ciências sociais, que é a existência de duas formas específicas de cultura em nossa sociedade: a cultura popular e a cultura erudita.
O que seria erudito? O que seria popular? O que distinguiria o popular do erudito? A que grupo ou classe social poderíamos associar cada um desses conceitos? Haveria algum critério de valor a separar esses conceitos, isto é, seria possível ou correto compará-los e julgá-los? O “popular” relaciona-se ao povo; o “erudito”, à elite (ou classe dominante, se preferirmos). Essa seria, sem dúvida, a associação mais imediata a ser feita com esses conceitos. Mas para fazer ou não essa associação é preciso analisar os porquês daquela oposição inicial. Por que distinguir dois tipos de cultura e dar a eles valores diferenciados?
A questão da existência de uma cultura popular versus uma cultura erudita implica modos diferenciados de ser, pensar e agir, associados aos detentores de uma ou de outra cultura. Falar em cultura popular significa falar, simultaneamente, em religião, em arte, em ciência populares – sempre em oposição a um similar erudito, que pode ser traduzido em dominante, dada a dimensão dicotômica (dominante versus dominado) que caracteriza a sociedade capitalista.
Mas como defini-las e distingui-las? A pergunta permanece. Há autores, como veremos adiante, que dizem já não ser possível pensar em cultura puramente popular ou puramente erudita numa sociedade como a nossa, integrada e padronizada pela cultura de massa, ou indústria cultural. Outros autores discordam dessa postura, diferenciando não duas, mas três culturas, em constante inter-relação: a cultura popular, a cultura erudita e a indústria cultural, esta última muitas vezes atuando como uma espécie de ponte entre as duas primeiras. Mas, por enquanto, tentemos nos fixar especificamente na discussão ainda não resolvida, como já foi dito, referente à compreensão do erudito e do popular na contraditória sociedade capitalista que vivemos.
Cultura erudita e cultura popular: o que são e quem as produz?
Definir cultura erudita aparentemente não ocasiona grandes problemas. Ao pensarmos em cultura erudita, quase automaticamente a associamos ao plano da escrita e da leitura, do saber universitário, dos debates, da teoria e do pensamento científico. Já definir cultura popular não é assim tão simples. Na verdade, definir cultura popular representa uma polêmica que cientistas sociais, historiadores e pensadores da cultura em geral mantêm até hoje. E, se essa polêmica ainda existe, é possível concluir que há várias definições de “popular”.
Ao pensarmos em cultura erudita, imediatamente concluímos que seus produtores fazem parte de uma elite política, econômica e cultural que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao estudo. A resposta já não é tão imediata quando perguntamos quem são os produtores da cultura popu1
lar. Mas afirmar que os produtores da cultura erudita fazem parte de uma elite não significa dizer que essa cultura seja homogênea. Para os antropólogos Gilberto Velho e Eduardo Viveiros de Castro, é impossível definir cultura erudita, porque não podem ser homogeneizados os elementos culturais produzidos por intelectuais, fazendeiros, empresários, burocratas, etc. Porém, é igualmente impossível definir cultura popular, dadas as produções culturais diferenciadas de camponeses, operários, classes médias baixas, etc.
De qualquer forma, não podemos perder de vista que o espaço reservado na sociedade para cada uma das duas culturas é bastante diferenciado. Enquanto a cultura erudita é transmitida pela escola e confirmada pelas instituições (governo, religião, economia), existe uma outra cultura que não se encontra nos esquemas oficiais. Mas onde está essa cultura? Para descobrir o seu lugar, pensemos nas definições que os estudiosos têm dado ao conceito de cultura popular. O historiador inglês Peter Burke define a cultura popular como uma cultura não oficial, do povo comum. Nesse sentido, o autor segue o pensamento de Antonio Gramsci, para quem a cultura popular é a cultura do povo, e os seus produtores são as classes subalternas. Para Gramsci, a cultura popular, por ser ligada à tradição, é conservadora. No entanto, por ser capaz de incorporar e reconstruir novos elementos culturais, é também inovadora.
Segundo o antropólogo brasileiro Carlos Brandão, quem faz cultura popular ou folclore (voltaremos mais tarde a esse conceito) nem sequer imagina que o que faz tem um outro nome, tem uma ou outra definição, causa ou não causa polêmicas entre intelectuais. As populações que os estudiosos aproximariam do conceito e da prática da cultura popular (ou do folclore) vivem, têm suas atividades cotidianas, divertem-se, têm suas maneiras de ver o mundo e entender a vida, cantam, dançam, sentem e trabalham. Essas coisas seriam cultura popular? Essas coisas seriam folclore, ou, como Brandão ouviu em suas andanças pelo interior do Brasil, “focrore”?
Além disso, talvez seja importante refletir sobre mais uma última questão: que pessoas se interessam por essas definições? E aqui a resposta é rápida: mais do que aos próprios produtores da chamada cultura popular, essas questões interessam aos estudiosos, que, por sinal, numa associação mais imediata, seriam associados à elite e à esfera da cultura erudita, já que lêem, escrevem e debatem.

Cultura popular e cultura erudita: conflito e incorporação
A questão presente em todos esses movimentos culturais, dos mais antigos aos mais recentes, refere-se à real definição do popular e do erudito. Se o popular fosse considerado exclusivamente como tradição e, portanto, como algo a ser conservado e protegido, introduzir guitarras elétricas no que se convencionou chamar de “música popular brasileira” seria inaceitável (e, de fato, isso causou escândalo na década de 60, quando o Tropicalismo e mesmo a Jovem Guarda de Roberto Carlos surgiram – e com eles, as guitarras, os cabelos compridos, as calças apertadas).
o 1Se, por outro lado, o erudito significasse somente aquilo a que se convencionou chamar de “belas-artes”, música e teatro clássicos, não se poderia pensar na transcrição para a linguagem plástica, escrita e musical de imagens, poemas e canções do folclore (e estes, por sua vez, só seriam folclore, ou cultura popular, se fossem passados oralmente, de pai para filho, sem alterações, ao longo dos séculos).
Como sabemos, nada disso acontece. Numa sociedade complexa como esta em que vivemos, não é possível ignorar as inter-relações estabelecidas entre a cultura erudita e a cultura popular e sua importância no próprio estabelecimento e manutenção da sociedade. A cultura erudita procura compreender e incorporar elementos da cultura popular (segundo muitos autores até para melhor dominá-la). Isso não significa, porém, que a cultura popular não resista a essa incorporação e não incorpore e reelabore, ela mesma, elementos tradicionalmente associados à cultura erudita.
Para compreender todas essas inter-relações é preciso pensar que todos os elementos enumerados no início do item “Cultura popular e cultura erudita no Brasil” – festas, literatura, culinária, religião, etc. – trazem em si a organização político-econômico-cultural do país, suas regras, suas contradições. Apesar de estarem associados imediatamente a uma certa visão do povo e da cultura popular brasileira, da elite e da cultura erudita, esses elementos não são necessariamente harmoniosos nem estão parados no tempo. Ao contrário, vão se transformando, ao longo da história e das relações sociais, num movimento dinâmico e incessante que é o que caracteriza o ser humano e a vida em sociedade.
Para ilustrar, poderíamos utilizar o exemplo da feijoada. Com o passar do tempo, ela deixou de ser comida de escravos e passou a ser um símbolo de nacionalidade, sendo servida não só nos restaurantes simples como nos requintados. Para compreender a cultura e seus significados, é necessário acompanhar as etapas de transformação de seus elementos, como no exemplo da feijoada, e tentar descobrir as suas causas. Existe uma tendência a se considerar tudo aquilo que se relaciona com a cultura popular como algo antigo, ultrapassado, que precisa acabar e dar lugar ao novo, ao moderno (em geral associado ao erudito). Curiosamente, muito do que se convencionou chamar de velho e ultrapassado é associado também à identidade nacional, isto é, àqueles elementos que fazem com que uma determinada população se identifique como um grupo de pessoas possuidor dos mesmos interesses, objetivos e visão de mundo; em resumo, que se identifique como nação. Esses elementos, se por um lado reforçam a identidade, por outro acabam estimulando a padronização de gostos, interesses e necessidades, fazendo com que as pessoas se esqueçam de que vivem em uma sociedade por definição contraditória, já que dividida em classes. A indústria cultural vai ser um elemento-chave para pensarmos nessas questões.

Nelson Dácio Tomazi, Iniciação à Sociologia, São Paulo, Atual, 1993, p. 179-182, 190-191.

terça-feira, 4 de setembro de 2012


* Dilson Marsico: Resumo do Ensaio de Antropologia - ETNOLOGIA AFRO – BRASILEIRA ;Reflexões sobre a valorização da estética africana como elemento de auto-afirmação, 2008

Buscamos refletir sobre a estética africana que busca resgatar a cultura afro, fator comportamental importante de integração e resistência a uma massificação calçada no estereotipo, ou seja, a cultura dominante branca que impõem seus padrões, vizando a homogeneização visual, onde todos os fatores devem convergir para o conceito de “belo“.
O corpo ao longo da história se tornou um emblema étnico e sua manipulação tornou-se uma característica cultural marcante para diferentes povos.

Ele é um símbolo explorado nas relações de poder e dominação para classificar e hierarquizar grupos diferentes. Deste modo o corpo humano é apropriado e construído socialmente e culturalmente e cada sociedade determina o que pode ser mostrado e quais partes do corpo são destacadas. Portanto se o corpo nos permite revelar a estrutura de uma sociedade em particular, então no corpo podemos encontrar os sinais de dominação e subordinação.


O cabelo como identidade


O corpo como linguagem, mas a cultura escolheu algumas das suas partes como veiculo de comunicação. O cabelo é uma delas elemento visível e destacado do corpo.
O entendimento da simbologia do corpo negro e dos sentidos da manipulação de suas diferentes partes, entre elas, o cabelo, pode ser um dos caminhos para compreender a questão da identidade negra em nossa sociedade. Em torno da manipulação do corpo e do cabelo negro existe uma vasta história. Uma história ancestral e uma memória. Há também significados e tensões construídas no contexto das relações raciais e do racismo brasileiro.

É importante destacar a dimensão simbólica dos cabelos nas representações dos negros.
Cabelos são marcas identitárias e como a cor da pele é a característica fenotípica que historicamente distingue os negros dos brancos. Sobre este assunto Sobre este assunto Nilma Lino Gomes afirma que:

“O cabelo negro, visto como “ruim”, é expressão do racismo e da desigualdade racial que recai sobre o sujeito. Ver o cabelo como ‘ruim” e do branco como “bom” expressa um conflito. Por isso mudar o cabelo pode significar a tentativa do negro sair do lugar de inferioridade ou a introjeção deste.” ( Gomes, 2003)<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]-->

Trata-se de um processo perverso e antigo de desvalorização das características dos negros, o cabelo crespo do negro é“ruim” e os cabelos dos brancos, como cabelo “bom”. É um processo classificatório e consequentemente propõem uma hierarquia, conferindo valor e superioridade a características de uma raça em relação a outra.

Entre um padrão de beleza real e um ideal estamos em uma zona de conflito, o padrão ideal é branco, mas o real do Brasil é negro e mestiço.

Ao analisar mais atentamente os comerciais de cosméticos e tratamento estético dos cabelos crespos a mensagem sublinhar que nos é apresentada é que ele é um problema. Problema este por ser um elemento diferenciador usado historicamente para classificar a cor da pele.



Atualmente, as mulheres e, em uma extensão menor que os homens, dispõem de uma grande variedade de cortes e penteados por meio dos quais podem "falar", negociar e se situar. As mulheres podem deixar os cabelos encaracolados, submetê-los a relaxamento ou usá-los ondulados; os homens podem adotar cortes quadrados (também chamados caixa), fazer desenhos à máquina nos cabelos,usá-los cacheados ou fazer uma variedade de tipos de tranças (Figueiredo 1994).[2]


Neste sentido podemos compreender que para o negro a intervenção no cabelo é muito mais que uma vaidade ou intervenção estética ele é identitário e elemento revelador de pertencimento a uma origem eticnica. O seu significado também pode ser visto a partir do modo em que ele é cortado, tratado, alisado, raspado ou trançado ele pode nos revelar a identidade, os conflitos, as idealizações e aspirações de seu dono.

É interessante observar que o negro nos dias de hoje diante da representação construída de seu cabelo e com o acesso as novas tecnologias e centro de belezas especializadas no corpo negro e cabelo crespo possibilitam a este se apresentar de uma forma esteticamente “aceitável” socialmente para sociedade brasileira. A pergunta que fica será que esta intervenção esta contribuindo para a diminuição dos apelidos e tratamento preconceituosos nos espaços públicos.

Estas reflexões sobre a estética negra como elemento de auto – afirmação busca contribuir para desvelamento do preconceito e da discriminação racial em nosso cotidiano.



Partindo da idéia de que a identidade negra é construída não só a partir do olhar que o negro tem de si, mas também na relação que ele tem com o olhar do outro sobre ele, não só o que é refletido no espelho importa. Há um espelho do lado de fora que joga com as imagens e com os padrões estéticos. Esse espelho é a sociedade.


É com essa atmosfera conflitiva, vivida numa sociedade marcada na sua estrutura por um racismo ambíguo e pelo mito da.democracia racial, que busco refletir sobre a valorização dos padrões estéticos negro numa dinâmica que procura levar ao negro elementos de autovaloriação estética e social.
A intervenção no corpo negro é apenas pano de fundo das representações negativas sobre o negro e a reversão desta como estratégia de orgulho e afirmação étnico-racial.

Esta reversão nos possibilita entrar em contato com a história, memória e herança cultural africana presente na formação cultural afro-brasileira.



[1] Gomes, Nilma Lino. Educação, identidade e formação de professores (as): Um olhar sobre o corpo negro e o cabelo crespo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.1, p. 167-182, jan./jun. 2003.


<!--[if !supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]--> FIGUEIREDO, Angela. "O Mercado da Boa Aparência: As Cabeleireiras Negras”. Análise& Dados (Centro de Informações e Estatísticas do Estado da Bahia), 1994.

Foucault - Sociedade Disciplinar


Tempos Modernos-Parte 1


terça-feira, 19 de junho de 2012

Novo Código Florestal Brasileiro qual é a versão final ?


A votação do novo código florestal brasileiro mais uma vez foi adiada após longas reuniões durante o dia de ontem foi apresentado minutos antes da votação com diversas alterações e segundo especialistas cheio de pegadinhas.

O que esta em jogo na aprovação do Novo Código Florestal   é a defesa de um código que regule as demandas para o futuro ou atender a já conhecida bancada  ruralista e isentar de qualquer responsabilidade os danos causados por desmatamento e degradação ambiental .

Para entendermos melhor reproduzo Artigo do engenheiro florestal Tasso Azevedo publicado no jornal O Globo



Freio de arrumação

Nesta semana está programado entrar em pauta de votação na Câmara dos Deputados a proposta de novo Código Florestal. O relator da proposta e seus apoiadores na chamada bancada ruralista conseguiram um efeito manada que pode levar à aprovação açodada de uma lei que ao invés de ampliar a proteção das Florestas irá fragilizá-las brutalmente.

Ouso dizer que a maioria dos deputados que pretende aprovar o texto esta semana sequer leu o documento ou pelo menos o fez com o mínimo de atenção. Na primeira tentativa de votação, o documento de 28 páginas, 69 artigos e mais de 200 dispositivos foi apresentado na segunda-feira à tarde para ser votado no dia seguinte. Mesmo com adiamento para esta semana, o grau de complexidade é imenso e a disposição para o diálogo tem sido, até o momento, limitada.

Se tivessem lido, teriam percebido que será necessário mais de uma centena de emendas, ajustes e correções para fechar as inúmeras goteiras deste guarda-chuva de proteção das Florestas que deve representar o Código Florestal.

Fiz esta leitura cuidadosa nos últimos dias ao mesmo tempo em que outros três especialistas, e cada um apontou pelo menos cinquenta pontos que precisam ser revisados entre distorções, falhas, erros conceituais e outras imperfeições.

Apenas a título de exemplo, o texto proposto retira a proteção de mangues e veredas (art. 4), isenta milhares de hectares de reparação de danos causados por Desmatamento e degradação ilegal deFlorestas (art. 13), determina práticas de Manejo Florestal tecnicamente equivocadas como a priorização do corte de espécies pioneiras (art. 24), cria mecanismo para prorrogar indefinidamente a regularização ambiental das propriedades rurais (art. 35), vulgariza o conceito de interesse social que passa a incluir praticamente qualquer atividade (art. 3) e ignora o papel do Conselho Nacional de Meio Ambiente - oCONAMA -, que desaparece do novo Código Florestal.

Para piorar, a chamada bancada ruralista esta tão confortável com a vitória que já planeja apresentar um conjunto de emendas para aprofundar ainda mais as distorções e a fragilização dos mecanismos de proteção das Florestas, certos de que poderão aprovar todas com ampla maioria.

Este tema é muito sério para ser tratado de forma quase unilateral pelo setor rural brasileiro. A integridade das Florestas é interesse nacional pela sua importância fundamental na regulação do regime hídrico da qual dependem nossa energia elétrica, o saneamento ambiental e a própria produção agrícola. É absolutamente legítimo que diversos setores da sociedade estejam pedindo mais debate e cautela com este tema.

Frequentemente é utilizado o argumento, muitas vezes correto, de que o atual Código Florestal, emendado por uma MP não votada há mais de dez anos, cria insegurança jurídica. Mas o texto do novo código é tão problemático que vai gerar muito mais insegurança jurídica, e, desta feita, com um formato que na dúvida quem perde é a floresta, o bem de interesse comum.

Para todos os projetos de lei é necessário avaliar os custos da implementação da lei e apontar de onde virão os recursos para fazer frente a estes custos. Assim acontece por exemplo na criação de um novo programa de investimento ou um novo órgão.

É preciso se fazer uma avaliação de qual será o custo para o Brasil da aprovação deste novo Código Florestal, tanto pela anistia de multas e sanções como no potencial impacto na produção de energia, disponibilidade de água ou mesmo o impacto sobre as metas da política nacional de Mudanças Climáticas.

É preciso fazer um processo de concertação sério que defina com clareza os princípios, as diretrizes e as metas para gestão de Florestas no Brasil (por exemplo, qual é nossa meta de conservação de cobertura florestal em cada um dos Biomas) e a partir daí revisar e adequar, de forma serena e clara, o novoCódigo Florestal Brasileiro de modo que este possa ser digno deste nome. Este sentido de propósito e responsabilidade é o que se espera de nossos congressistas.

domingo, 4 de março de 2012

Histórias Cruzadas - O filme





Adaptação do livro  The Help, em inglês, por sinal, o filme tem o mesmo nome. Em português, entretanto, alguém teve a esdrúxula, injustificável e horripilante ideia de dar o tosquíssimo título de “Histórias Cruzadas”. Era preferível que se mantivesse a coerência e o batizasse, assim como na versão das legendas, de “A Resposta”. Faria mais sentindo e seria um título mais atraente. 

 Histórias Cruzadas aborda o  tema da segregação racial na extrema conversadora Mississipi, mas não abre mão de no fim das contas de ser superficial.Durante os anos 60, começava a efervescência na luta pelos direitos de igualdade racial. E a trama de Histórias Cruzadas vai nesse sentido, de forma mais superficial. A região foi berço da Ku Klux Klan (organização que perseguia com violência os negros), mas o tema é contextualizado superficialmente, assim como as rápidas referências a Martin Luther King. Ou seja, joga-se para o espaço qualquer questão política, mesmo com o mote sendo a vontade da jornalista Skeeter de, pela primeira vez, contar a história de quem era marginalizado pela sociedade. 

Histórias Cruzadas se sobressai principalmente pelas grandes interpretações, Viola Davis, Jessica Chastain, Octavia Spencer, Emma Stone e companhia. Sem elas, Histórias Cruzadas passaria batido, a história tem êxito dentro de sua proposta limitada, e assim se torna tocante.

• Sinopse: Mississipi, década de 1960. Skeeter acabou de terminar a faculdade e sonha em ser escritora. Ela põe a cidade de cabeça para baixo quando decide pesquisar e entrevistar mulheres negras que sempre cuidaram das "famílias do sul". Apesar da confusão causada, Skeeter consegue o apoio de Aibileen, governanta de um amigo, que conquista a confiança de outras mulheres que têm muito o que contar. No entanto, relações são forjadas e irmandades surgem em meio à necessidade que muitos têm a dizer antes da mudança dos tempos atingir a todos.
• Palavras-chave: amizade, racismo

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Compartilho atividade desenvolvida pelo professor  Prof. Ricardo Festi em torno da obrigatoriedade do ensino de sociologia .Buscando uma análise critica da matéria publicada na Revista  Veja de Set/2011



O ensino de Sociologia incomoda?


Esta atividade se refere ao debate sobre a obrigatoriedade do ensino de Sociologia nas escolas, aprovado em 2006. Leia o trecho abaixo extraído do nosso livro didático e analise o discurso da revista Veja. Em seguida, comente a qu estão:
Para Pierre Bourdieu, sociólogo francês contemporâneo, a Sociologia, quando se coloca numa posição crítica, incomoda  muito, porque, como outras ciências humanas, revela aspectos da sociedade que certos indivíduos ou grupos se empenham em ocultar. Se esses indivíduos e grupos procuram impedir que determinados atos e fenômenos sejam conhecidos do público, de alguma forma o esclarecimento de tais fatos pode perturbar seus interesses ou mesmo concepções, explicações e convicções.
Ora, uma das preocupações da Sociologia é justamente formar indivíduos autônomos, que se transformem em pensadores independentes, capazes de analisar o noticiário, as novelas, a televisão, os programas do dia a dia e as entrevistas das autoridades, percebendo o que se oculta nos discursos e formando o próprio pensamento e julgamento sobre os fatos, ou, ainda mais importante, que tenham a capacidade de fazer as próprias perguntas para alcançar um conhecimento mais preciso da sociedade à qual pertencem. (TOMAZI, N. Sociologia para Ensino Médio, p. 7. 2007)

Imagem, extraída da revista Veja de setembro de 2011, que circulou pelas redes sociais.

Na sua opinião, por que o ensino de sociologia incomoda tanto alguns setores da sociedade brasileira ?

Para auxiliar na atividade o professor recomenda a leitura do texto Tarefa da Sociologia de Zigmunt Bauman, extraído do livro didático na página 10. 

* Sobre Zigmunt Bauman, sociólogo Polonês, é professor emérito de Sociologia das Universidades de Leeds e Varsóvia, tem mais de 15 livros publicados no Brasil todos de grande sucesso.