sábado, 18 de junho de 2011

CONTROVÉRSIAS: História e Cultura Afro-brasileira







A Revista Ciência Hoje publica artigo do historiador José Roberto Pinto de Góes que faz uma crítica dura à lei de 2003 que estabelece a obrigatoriedade do ensino da “História e Cultura Afro-brasileira” nas escolas. O texto compõe o encarte ‘Sobrecultura’ da CH 281. 
Neste artigo o mesmo classifica o conteúdo como Pedagogia do Constrangimento e faz duras criticas as políticas reparadoras ( Cotas) e Afirmativas dos afro – descendentes. 

De acordo com o  historiador estaremos ensinando os jovens que : “a sociedade é formada por pessoas que pertencem a grupos étnico-raciais distintos” e disseminando “atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial”.  E ainda  fala de uma Pedagogia do Constrangimento , fazendo “emergir dores e medos que têm sido gerados” entre brancos e negros desde os tempos coloniais até os dias de hoje. Complementa o seu raciocínio classificando como ideologia racialista a lutas do  movimento negro e que tem pretensões de reeducar racialmente quando pretende criar uma identidade racial “negra “.

Caro Professor  o que deveria ser um direito teve que virar lei . Não é possível negar as estatísticas:

 De acordo com a pesquisa, feita com base nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil terá a maioria de sua população negra, ou seja, mais da metade dos brasileiros, “Isso não quer dizer que a população desse grupo esteja crescendo mais que os demais, não. é simplesmente porque está havendo cada vez mais um  maior reconhecimento dos negros como tais, como cidadãos pretos ou pardos. A população está se sentindo mais pertencente a esse grupo.”

“A cada Censo, observamos um número maior de pessoas se declarando pardas. Há um enegrecimento da população brasileira por causa de uma maior valorização das suas condições raciais e étnicas”, ressaltou Ana Amélia Camarano, autora do estudo. “A valorização dos negros se deve não apenas a políticas do governo, mas também a ações do movimento negro que datam de décadas e que ganharam corpo nos últimos anos”

De acordo com o IBGE, a renda da população negra só será igual à da branca daqui a 32 anos. Atualmente, negros ganham, em média, 53% da renda do branco. se levarmos em conta que um dos principais fatores é a baixa escolaridade e que isto não se deve pelo fato de serem menos “esforçados” que os brancos. Com estes dados podemos concluir que existe algo de errado. E ainda se mais da metade da população é negra por que nas universidades a esmagadora maioria é formado por alunos brancos. E neste caso como professor de história seria redundante relembrar que a história não é feita entre o bem e o mal e que a escravidão no Brasil assim como nos países da América Latina foi fruto de um determinado momento histórico onde se necessitava de mão de obra para extrair suas riquezas em nome do desenvolvimento da indústria nas nações Europeias. E que quando esta mão de obra não sendo mais interessante devido o grau de desenvolvimento acumulado pelo Capitalismo e a necessidade da criação de novos  mercado consumidor  os negros foram libertos e deixados a margem da sociedade. O fato é que não foi tomada nenhuma providência para que o negro, uma vez livre, pudesse inserir-se na sociedade, com os mesmos direitos dos brancos.


Excluir para Incluir:

A verdade é que durante séculos, apesar das inúmeras lutas ao longo da história do Brasil, fomos reprimidos, tendo que concordar com o ideal de “democracia racial” que o Brasil vendia – e ainda vende – mundo afora. A tal da “democracia racial” que o Brasil sempre vendeu é uma falácia. Olhe a sua volta e veja quem é maioria nas favelas, nos presídios, entre as crianças de rua. Olhe e veja quantos médicos, juízes ou políticos de primeiro escalão são negros. Você vê uma sociedade justa? Eu não vejo. Não vejo porque uma das coisas mais importantes para a inclusão das populações marginalizadas (leia-se “além da população negra”, até porque penso que a discussão de inclusão social abrange outros grupos) a sociedade quase sempre nos foi negada, que é o acesso de educação de qualidade. Mas o que fazer ¿ Esperar um dia que tenhamos um governo capaz de enfrentar a questão da educação ¿ Tais alegações podem, a um primeiro momento, ter sentido lógico no que se refere aos aspectos democráticos. Porém, se pararmos para pensar que o cenário não é tão simples assim, se levarmos em consideração os anos de desigualdade social e racial no Brasil e seus efeitos maléficos, podemos nos tornar um pouco menos resistentes no sentido de compreender que tratar de maneira diferenciada um grupo que teve menos oportunidades e que está em franca situação de desvantagem é uma tentativa de diminuir essas desigualdades e de se fazer justiça, reparando as distorções que vitimaram essas minorias e restituindo-lhes direitos que há muito lhes foram negados.



 Reconhecimento: 

O que deveria ser um direito teve que virar lei  como objetivo de contribuir para a superação do preconceito e atitudes descriminatórias. Através de práticas pedagógicas pois ações afirmativas necessitam  que as pessoas conheçam sua história suas raízes para compreender a construção da sua identidade. Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, civis, culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade daquilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem a população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras. Requer também que se conheça a sua história e cultura apresentadas, explicadas, buscando-se especificamente desconstruir sem esquecer de considerar as desigualdades seculares que a estrutura social hierárquica cria com prejuízos para os negros


Qual é a situação atual passado alguns anos da promulgação da Lei ?  

Muitos fatores  precisam ser superados para ampla efetivação da lei, muitos avanços e retrocessos tivemos durante esse período de aprovação e regulamentação.

Fazer valer e regulamentar esta lei especifica ao meu ver não trata-se apenas de uma maneira de ter acesso a informações a cerca da nossa formação cultural mas também um modo de possibilitar a compreensão de modo que leve à consciência da formação social brasileira e evitar certos conceitos que vistos pela perspectiva esteriotipada se transforme em preconceito



* Gostaria de receber comentários deste post por se tratar de assunto de meu interesse.













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